terça-feira, 6 de outubro de 2009

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Indicação das terças: Louise Paramor

Louise Paramour vem explorando as potencialidade da da pintura abstrata. Graduada em pintura pela West Australian Institute of Technology, em Perth, e pós-graduada pela Victorian College os Arts, em Melbourne, a artista inspira-se nos princípios do modernismo abstrato para criar suas obras. Paramour participou de inúmeras exibições tanto em grupo, como solo, inclusive na Alemanha, na Künstlerhaus Bethanien, em Berlim, e no Schloss Pillnitz, em Dresden. Além disso, possui belos trabalhos em exposições permanentes pela Austrália.
Recentemente expôs na Nellie Castan Gallery, Austrália, sua coleção Mood Bomb, que explora a combinação cromática com perfeição.

Em Mood Bomb, a cor parece ser o tema principal da obra. Nota-se um comprometimento na combinação ou na harmonia das cores adjacentes. Cores vibrantes como o amarelo ou o vermelho une-se à ausência do preto ou ao multicolor do branco. Em algumas pinturas, percebe-se um raciocínio em camadas de cores, que geram textura e enriquecem a visualidade do quadro.Na obra, formas fluidas e cores que parecem estar diluídas conferem o movimento ao quadro, lembrando imagens vistas através de microscópios. Ou como o nome da exposição sugere, bombas de cor.

Em Paramour a imaginação talvez fique por conta do espectador. Com os quadros justapostos lado a lado ou um abaixo do outro, para citar exemplos, é possível que o espectador faça um conexão subjetiva do significado de cada um deles e/ou do todo. Se há uma narrativa oculta, esta pode ser construída pela percepção visual e capacidade imaginativa de quem vê. Talvez resida aí a beleza do abstrato, em evocar uma interpretação pessoal, uma montagem primeiramente visual e em seguida mental. Não que isto não possa ser feito na arte figurativa ou em outras, mas o que pode ser revelado por trás de cores e formas não definidas despertam em mim algo de encantador.
Louise possui outros trabalhos muito interessantes, como o Show Court3, em que faz esculturas a partir de plástico em um estádio.
Abaixo, os quadros que fazem parte da coleção Mood Bomb.
Uma bomba visual.











segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Bauhaus impressa




Um dos objetos que mais gosto de pesquisar são revistas antigas, tanto pelo conteúdo, como pela estética. Através das ilustrações, por exemplo, é possível fazer uma pequena análise de aspectos da época, como transformações estilísticas, eventos importantes, novos conceitos e paradigmas, entre outros tantos. E, por estas e outras razões que venho há algum tempo me interessando pela revista Die Neue Linie, importante publicação decorrente do pensamento da escola Bauhaus. Publicada pela Beyer-Verlag (editora da época) entre os anos de 1929 e 1943, a revista ia no caminho das ideias vanguardistas propostas pela Bauhaus. A escola, que teve Walter Gropius como idealizador e primeiro diretor, propunha o desenvolvimento de uma síntese estética, com a criação de símbolos universais de comunicação da imagem e um trabalho integrado entre indústria e arte.
A Die Neue Linie é considerada uma revista pioneira, que possuía como parâmetro conceitos e inovações no pensamento artístico que surgiam. Como a sociedade da época tinha cada vez mais exigências modernas, a revista abordava temas ligados ao bem-estar, à criações na arquitetura e até mesmo à moda. A partir dos pressupostos da Bauhaus, a parte gráfica incorporava elementos da tipografia moderna, diagramações equilibradas, formas claras e montagens de fotos.





Mestres da Bauhaus, que faziam parte dos movimentos artísticos da vanguarda europeia, como o húngaro László Maholy-Nagy e Herbert Bayer formavam o quadro de escritores e realizadores da revista. Junto com eles, contribuíam com artigos alguns dos mais importantes autores da época, como Gottfried Benn, Thomas Mann e Aldous Huxley.





Com um olhar mais atento às ilustrações, vê-se a correspondência com alguns dos propósitos estéticos da escola alemã. Composição plástica decorrente das teorias desenvolvidas por seus mestres, equilíbrio de formas e geometrismos são alguns dos elementos encontrados que, combinados entre sim, produziam contexturas atrativas. Cenários com elegantes mulheres da República de Weimar e figuras híbridas, como uma construção com rosto de mulher, eram imagens frequentes da revista.






A cor – um dos elementos centrais e tema de estudos teóricos importantes como o de Goethe e posteriormente o de Johannes Itten - parece assumir um caráter autônomo nas ilustrações. É bom lembrar que desde a metade do século XIX a cor desvincula-se de seu compromisso com o objeto na pintura e, por esta razão, a teoria das cores de Goethe começava a influenciar as reflexões do meio artístico. Portanto, nas ilustrações da Die Neue Linie, os efeitos cromáticos funcionavam como uma linguagem própria, despertando sensações, interpretações, aproximando-se ou afastando-se do espectador à partir da percepção visual. O intuito sempre ligado às qualidades estéticas das cores e ao olhar subjetivo do espectador na criação de uma comunicação visual eficaz.






Um outro ponto a considerar é que as capas assumiram um importante papel quando instalou-se o governo nazista e, mais especificamente, quando a guerra começou. Com os limites ao jornalismo sendo impostos pelos nazistas, não raro eram as ilustrações ligadas ao tema militar.
Para quem tiver a oportunidade, o Bauhaus-Museum, na cidade de Weimar, promove até o dia 8 de novembro a exposição Die Neue Linie.Das Bauhaus am Kiosk, em comemoração aos 90 anos da escola alemã - tentativa sem sucesso de fugir do aforismo. Certamente uma viagem cultural a uma das principais peças da originalidade surgida no interior da Bauhaus.



terça-feira, 22 de setembro de 2009

Indicação das terças: Alëna Lavdovskaya



Na História da Arte Mundial, a Rússia teve seu papel fundamental quando influenciou o mundo com as Vanguardas. Tanto o Suprematismo quanto o Concretismo transformaram o modo de se fazer e pensar a arte, este último partindo de conceitos e explorando questões fundamentais como o papel da própria arte em uma sociedade. Assim como seus antecessores, hoje, muitos artistas russos também se destacam no campo artístico e contribuem para perpetuar o valor que a arte russa possui.
É o caso de Alena Lavdovskaya, designer e ilustradora nascida em Moscou, que possui uma habilidade com o desenho desprovida de qualquer inexpressividade. A artista vem ganhando espaço na cena fashion mundial, desenvolvendo trabalhos de ilustração para revistas importantes,como Elle girl, e para exibições como Kate me or Hate me para a Topshop.



Para o deleite de quem acompanha o trabalho da artista, Alena disponibilizou em sua página na internet um sketchbook, com esboços feitos por ela à lápis e também à tinta. Nele estão principalmente desenhos de mulheres com referências aos anos 80, como blaisers de ombro pontudo, acessórios estilo Moschino e cabelos e atitude à moda Grace Jones. Suas modelos possuem características próprias, com formas que servem como uma espécie de assinatura. Seu traço remete ao das mulheres do quadrinista espanhol Esteban Maroto, na HQ Cinco por Infinitus. Em ambos os rostos – na mulher de Alena e na de Maroto – identificam-se traços sofisticados, rostos marcados por belos lábios e olhos definidos e realçados.





No entanto, a artista levanta uma dúvida com relação a algumas imagens de suas mulheres: não se sabe ao certo se ela faz uma bricolagem de referências de décadas passadas - dos anos 40,50 ou 80 - ou se ela realmente consegue identificar elementos da moda do passado nas mulheres de hoje. Em outras palavras, fica difícil saber se ela desenha mulheres de outras épocas ou se ela capta uma fashionista contemporânea. Uma vez que a moda e os editoriais resgatam muito dos tipos de momentos anteriores, a cronologia da moda na arte de Alëna não é conclusiva.Pelo menos em seus rascunhos.




Em uma outra série de ilustrações, Alëna utiliza um contorno colorido em volta das modelos, destacando-as do fundo e reforçando a ideia e o traço de desenho.Igualmente, as roupas se evidenciam e se distinguem do fundo gráfico.
Em Kate me or Hate me, ela se utilizou do mesmo artifício para a série em que ilustra Kate Moss. Cabelos e seios ganham forma e o grau de realismo cede lugar à expressividade do desenho.





Certamente, a arte de Alëna Lavdovskaya nos leva a crer que os artistas russos podem, assim como no passado, deixar suas impressões na arte contemporânea.



segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Rock'n'Eis




Não é apenas em roupas e acessórios que a moda retrô vem se destacando. Bares e restaurantes também estão aderindo ao resgate do clima dos anos 50 ou 60. E é com este charme que o "The Milkabilly"abriu suas portas em Berlim. Com diversos detalhes que caracterizam o estilo dos anos 50, Stefanie Rödl inaugurou uma espécie de lanchonete aos moldes da época do Rock'n'Roll, no bairro Friedrichshain.





O "Milchbar" segue a linha dos "Diners" americanos, com chão imitando um jogo de xadrez, poltronas vermelhas e garçonetes vestidas com uniformes da época. Como não poderia ser diferente, o interior é ambientado com arte dos anos 50 e fotografias "Hot Rod".





O cardápio é preenchido com cafés, milkshakes, snacks, uma multiplicidade de doces e, claro, uma carta de sorvetes nada convencional. Os de morango com pimenta, cenoura com nozes e framboesa com menta são apenas uns dentre os diversos sabores exóticos que o local apresenta.E o melhor é que não possuem corantes e nem conservantes. E há, ainda, os sortimentos que não levam leite, feitos especialmente para aqueles que possuem intolerância à lactose.
Quem preferir voltar ao tempo com autênticos drinks, o "The Milkabilly" oferece o legendário Manhattan e um especial chamado "Kikeriki", com licor de ovo.Além deles, uma variedade de cervejas - como não poderia faltar em um bar alemão.


O ambiente perfeito para um "Rock around the clock".






The Milkabilly, Mainzer Str. 5, Friedrichshain, U Samariterstraße, diariamente a partir das 10hrs, www.themilkabilly.com